segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

2008...

Bom, este é meu último texto de 2008.

2008.

Se há uma palavra que vai me fazer lembrar dete ano será Reconstrução.
As decepções foram grandes mas ao longo da caminhada encontrei bons amigos que me carregaram nos dias que as pernas faltaram...

Foi um ano de conquistas também. De planejamento e sonhos.

Não vou me alongar muito... Estou aprendendo a me conter quando escrevo...

Que venha 2009.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Mochila nas costas

Ela estava decidida. Não iria trabalhar em janeiro. Não. Precisava ficar só para voltar a se conhecer. Merecia isso depois de tanta falta de tempo para si. Colocaria sua mochila nas costas e sairia pela vida. Amigos não lhe faltavam. Talvez virasse hippie (só manteria os velhos rituais de depilação). O que importava era ir. A máquina de bronzeamento artificial já lhe deixara pronta para seguir ao litoral, apesar da claustrofobia que sentira dentro daquele aparelho.
Pegou a mochila então e abriu seu roupeiro. Uma a uma as peças foram se acomodando nos espaços vazios que foram se preenchendo de roupas e sonhos. Pronto. Tudo posto. Olhou para o armário e viu seu vestido cinza. Sorriu. Pegou-o e o abraçou. Os olhos lacrimejaram. Com ele ficava maravilhosamente bela. Necessitava levá-lo, ainda que não o vestisse permaneceria ali para lembrá-la o quanto era especial.

Colocou tudo nas costas, que lhe pareceram mais leves que sem a bolsa. Um último pensamento e foi-se... Sem olhar para trás... Na certeza de que Felicidade só rima com felicidade...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Sobre demônios

Precisamos ter cuidado com os pequenos demônios os quais criamos dentro de nós. Alguns se tornam tão grandes que passam a dominar nossos atos. Nos levam a um abismo sem fim.

É imperioso enfrentá-los em algum momento. Não é fácil encarar-se de frente e perceber o quanto o coração foi corroído por ações impensadas em momentos de total entrega ao nosso lado obscuro.

Primeiro necessitamos treinar com os demônios menores. Dizimando um a um. Aprendendo a reconhecê-los. Analisando seus pontos de fragilidade e tornando-nos mais fortes. Até que chega a hora...

A luta será dura e cruel. Por vezes desigual. No entanto, os grandes demônios urgem por serem combatidos e, ainda que vençam uma ou outra batalha, não podem se sentir acomodados.
Haverá a hora de recolher a espada e recuperar forças, bem como chegará o momento de arriscar-se.

No fim, estaremos exaustos e feridos. Mas eles ficarão muito mais e partirão do peito. O coração se tornará de novo puro.

Porém, mantenha em um canto escondido e sob controle alguns pequenos demônios. Além de fazerem parte do eterno equilíbrio natural, servirão para nunca esquecermos do que podem vir a se tornar...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Então é Natal...

Pensei muito em algo para escrever hoje, agora são 23:00hs mas ainda é dia 25.

O Natal sempre me trará boas recordações... Das festas na casa da minha vó e minha tia Silvia, da minha mãe, dos meus tios e primos...

Mesmo que esteja distante no tempo e no espaço, boa parte dos meus pensamentos estão lá... Em Vitória... Na alegria da família reunida...

Não que eu esteja reclamando, de modo algum... Hoje foi um dia formidável... É só saudade de um tempo onde minha preocupação era abrir os presentes pela manhã...

Então é assim...
É Natal...

Feliz Natal a todos.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ela entrou e eu estava ali...

Ali(Samuel Rosa / Nando Reis)
"Ela entrou e eu estava ali ou será que fui eu que ali entrei
sem sequer pedir a menor licença?
Ela de batom caqui com os olhos olhava o que eu não sei
olhos de águas vindas de outros oceanos
Ela me olhou, quem?
quem sabe com ela
eu veria as tardes que sempre me passaram como imagens, como invenção
e se eu não posso ter eu fico imaginando, eu fico imaginando
Virá com ela que entrega, virá sim, assim virá que eu vi
Virá ou ela me espera
Virá pois ela estava ali
Ela amou o que estava ali ou será que foi dela o que eu já amei
como os laços fixos de uma residência
Ela: Alô!? e eu não reagi
com os olhos olhava o que eu lembrei quando estava indo em outra direção
Ela me olhou, vem!
Quem sabe com ela eu veria as tardes que sempre me faltaram como miragens, como ilusão
E se eu não posso ver eu fico imaginando
Virá com ela que entrega, virá sim, assim virá que eu vi
Virá ou ela me espera, virá pois ela está ali
ela andou e eu fiquei ali ou será que fui eu que dali mudei
com os passos mudos de uma reticencia
Se eu não posso ver, eu fico imaginando, eu fico imaginando
Virá com ela que entrega, virá sim, assim virá que eu vi
Virá ou ela me espera, virá pois ela está ali"


Essa música me lembra Felicidade. E Ponto.

Jairo Maia

"Senhor,

No silêncio deste dia que amanhece,
Venho pedir-te a Paz, a Sabedoria, a Força.
Quero olhar hoje o mundo com os olhos cheios de amor,
Ser paciente, compreensivo, manso e prudente.
Quero ver, além das aparências teus filhos,
Como Tu mesmo os vês,
E assim, Senhor, não ver senão o Bem de cada um.
Fecha meus ouvidos a toda a calúnia.
Guarda minha língua de toda a maldade.
Que só de bênçãos se encha a minha alma.
Que eu seja tão bom e alegre,
Que todos aqueles que se aproximem de mim
Sintam a Tua Presença.
Reveste-me de Tua Beleza, Senhor
E que no decurso deste dia, eu Te revele a todos."


Essa era a oração, com algumas poucas alterações, que iniciava um programa chamado "Jairo Maia" em uma rádio AM do Espírito Santo, meu estado.
Infelizmente não sei quem é o autor.
Ontem me lembrei dela... De um tempo em que eu era só uma criança na casa da minha vó. Todos os dias ela ouvia esse programa...
Incrível como a oração me marcou. Minha vó... Talvez eu nunca saiba te dizer o quanto sou grato por me ensinar tanto... Ainda que seu Amor nunca tenha me cobrado nada...

domingo, 21 de dezembro de 2008

Sobre Heróis

Todos precisamos de heróis. Nas mais diversas culturas, em todas as épocas, a humanidade sempre criou mitos, pessoas, deuses ou semi-deuses com poderes capazes de salvar e levar justiça a quem precisa.
Paradoxalmente, também foram gerados super-vilões, mas isso é outra história...

De todas as lendas modernas, idiscutivelmente o super-homem se tornou destaque.

Um alienígena com habilidades especiais criado por humanos do interior dos EUA.

Quando criança, sempre colocava uma capa e me imaginava como ele. Voando, peito de aço, mais rápido que uma bala, visão de raio-x, raios de calor emitidos pelos olhos...

Mas eu cresci... E deixei de usar a capa. Percebi também que não era um alienígena capaz de enxergar através das coisas, voar ou ter qualquer força sobre-humana.

No entanto, algo me chama atenção e me faz refletir há algum tempo.

Retiremos do super-homem todos os seus poderes extraterrenos. O que fica?

Sua incorruptibilidade.
Seu altruísmo.
A imensa capacidade de buscar justiça.
Compaixão mesmo para com seus piores inimigos.
Vontade de tornar o mundo melhor.

Características que todos nós "humanos" temos ao nosso alcance. Certo. Eu sei. Com poderes é mais fácil. Porém, seria igualmente mais cômodo usá-los em proveito próprio.

Precisamos de heróis... Não indefectíveis... Humanos...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Bom Dia Sol...

Bom dia sol!
Mimiu bem?
Obrigado por nos dar sua luz, seu calor...
Passa o dia com a gente?

E há quem diga que educar é algo complicado...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Daqui a algum tempo.

Daqui a algum tempo...
... quando as folhas secas caírem ao chão.
... quando os últimos flocos de neve secarem.
... quando as primeiras flores surgirem.
... quando o sol arder e os corpos descascarem.

Daqui a algum tempo...
... quando os dias passarem sem preocupações.
... quando as lembranças não vierem acompanhadas desse aperto no peito.
... quando a lua estiver cheia.
... quando os caminhos surgirem mais claros.

Daqui a algum tempo...
... quando o pranto secar.
... quando o sorriso surgir fácil.
... quando as músicas ressoarem.
... quando os filmes forem novamente diversão.

Daqui a algum tempo...

Vou subir em um pé de carambola.
Vou correr atrás de borboleta.
Vou acordar meio-dia.
Vou jogar bola no morro.

Vou, enfim, viver...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

She's not crying anymore

"Um sorriso em seu olhar
Diz pra mim que um outro alguém
Já tomou o meu lugar"

Composição: Billy Ray Cyrus / Terry Shelton / Buddy Cannon - Letra em português: Chitãozinho / Xororó

Tá! Tudo bem! Eu confesso! Gosto de música sertaneja.

Sei que são taxadas de brega mas muitas possuem uma poesia pouco vista em outros ritmos. Essa em especial é de uma beleza fantástica, peguei um pequeno trecho e nele já tiramos muitas coisas.

Se pensam que vou comentá-lo... Não vou. Disse que iria mudar. Me adaptar. Ver as coisas por um ângulo que me fosse favorável. Gosto da música e pronto.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Sobre o Infinito

Ontem, hoje de madrugada em meu plantão, me peguei lembrando de algo que aconteceu há algum tempo. Quando o Rodrigo curioso conheceu, sem entender, o conceito de infinito. Ele ia pela segunda série do antigo primeiro grau, tinha os seus 6 anos de idade.
Tenho uma recordação viva de caminhar com minha mãe pela rua após a Benjamin Franklin, onde morávamos, em direção à escola. Ela para lecionar e eu fazer milhares de perguntas.
- Mãe! O que é infinito?
- É quando algo nunca termina meu filho.
- Como algo pode nunca terminar?
- Veja as estrelas, as areias do mar...
- Mas e se eu contasse todas as areias e estrelas?
E assim seguiu a conversa.

Mais tarde em bancos acadêmicos ele conheceu bem o que é o infinito. Entre limites, derivadas e equações diferenciais. Mas há uma forma mais simples de demonstrar o infinito.

Imaginemos que eu e você estejamos separados por uma distância de mil metros. Daí eu tento me aproximar andando por vez a metade do caminho que nos separa. Então, na primeira vez, eu andaria 500 metros e faltariam mais quinhentos. Depois andaria 250 metros e restariam mais 250 metros. E assim por diante. A cada passo eu me aproximo mais mas nunca chegaria em ti de fato. Obviamente que deveríamos considerar os corpos como pontos de massa desprezível.
Este é o conceito de infinito, algo que podemos nos aproximar sem nunca tocar.

No entanto, se me perguntarem sobre o infinito responderei assim:

Infinita é a saudade...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sobre o Silêncio

Haverá os dias em que os gritos serão verdadeiramente altos, mas de um vazio inexorável capaz de torná-los inaudíveis.
E existirá o tempo em que o silêncio restará absurdamente presente ecoando de forma inóspita em nossas almas e corações...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Chove Chuva

Chove Chuva e lave
e leve...

Lave minha alma e apague meu pranto.
Leve todo ódio e toda mágoa.

Lave meu jardim e leve toda lama que ali estiver.
E deixe minha esperança, mas leve um pouco para que eu não espere tanto.

Deixe a saudade, toda ela... A empilhei no canto mais alto.
Leve meus medos e minhas paixões. Deixe meus sonhos, por favor...

Lave meu telhado para que de longe eu seja visto.
Leve a poeira e deixe um pouco do mofo, ele combina com os cantos escuros.

Lave e me deixe leve.
Feliz.

Chove Chuva.

Quando a hora chegar.

Quando a hora chegar.

Não vou me apressar, ficarei calmo.
Vestirei minha armadura e farei uma pequena prece.
Elevarei meu pensamento.
Sentirei medo.
Mas irei à luta.
A vitória será bem vinda.
A derrota uma possibilidade, tempo de aprender com os erros.

Voltarei exausto.
Retirarei as roupas, rasgadas, sujas e cheias de sangue.
Tomarei um banho, frio.
Sentarei na varanda e refletirei.
Fecharei meus olhos, lágrimas irão rolar.

Por fim, nada mais restará.
Das roupas me livrarei.
Os pensamentos sumirão com os tempos de prosperidade.
E restará a saudade.
Que diminuirá...

Este é o preço da paz...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sobre qualquer coisa

Não é um texto sobre nada...

Já vi diversos escritores dizendo que escrever é questão de se acostumar. Precisa treinar todos os dias.
Estou longe de ser escritor, mas gosto de digitar coisas aqui. Atualmente ando muito dependente de inspiração e, sinceramente, quero voltar a escrever como antes. Quando eu simplesmente parava e ordenava meus pensamentos para que os dedos transferissem ao blog...
É... Eu sei... Aquela poesia se foi...

Então é hora de tentar outros caminhos. Não vou me prometer nada mais, afinal sou péssimo com isso. No entanto, estou disposto a tentar. Perdi muitos dos meus textos em momentos ímpares nos quais os apaguei sem fazer cópia. Me arrependo por isso... Havia muita coisa boa ali. E falo assim porque quero encarar os fatos pela primeira vez de um ponto onde o ângulo me seja favorável.

E assim, espero voltar a escrever. Não com antes, seria impossível. De um jeito novo...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

03 de Dezembro

Eu criei e apaguei alguns blogs, os motivos são muito pessoais... Tinha decidido não criar mais nenhum até que percebi minha necessidade de escrever.

Hoje é um desses dias em que necessito escrever algo, como se meus dedos criassem vida própria e de tecla em tecla vão formando palavras e frases inteiras...

"Se valeu à pena? Você me pergunta se valeu à pena? Vivi cada momento, aproveitei todos os abraços mesmo tendo ficado a vontade de ter dado um último, molhei minha boca nos seus lábios e trocaria a eternidade por aquele instante, deitei meu corpo sobre o seu e nunca me senti tão em paz. Se valeu à pena? Silêncio. Seu oi em meio a um sorriso ficou gravado na minha alma, os telefonemas de madrugada com sua voz abafada pelos cobertores, aquela música que nem posso mais ouvir de tanta saudade a apertar meu peito... Eu sei, às vezes dói, é difícil... Mas ainda assim eu te digo sem ter o menor medo de errar: Sim, valeu à pena. Apesar de tudo, mais valem os poucos momentos em que seus pensamentos se fizeram meus seguidos dessa ausência, tão presente hoje, a uma vida inteira sem isso..."

sábado, 29 de novembro de 2008

Passagens

Já chorei lendo Pollyanna.
Torci pelos cachorrinhos de "A Gralha Azul".
Ri com Chico Bento e Cascão.
Entendi que o Cebolinha sempre foi apaixonado pela Mônica, e até hoje me divirto com seus planos infalíveis.

Já pulei sete ondas na virada do ano.
Dancei a dança da vassoura em festa americana.
Tomei caldo de cana com pastel no centro de Vitória.
Corri na chuva e levei bronca da minha mãe.

Já pus formigas para brigarem.
Catei mosca e coloquei perto de aranha.
Enchi o jardim de água para ver as libélulas encostarem a bunda ali.
Prendi sapo em vidro de xampu.

Já cortei o pé em caco de vidro.
Fugi de cachorro bravo.
Esfreguei cerol na linha de pipa e feri a mão.
Levei picada de abelha e ferroada de marimbondo.

Já rebobinei fita para decorar música, faroeste caboclo foram algumas semanas.
Ouvi Raul e Jovem Guarda.
Fui fã dos Beatles e do Guns and Roses.
É... Também Dominó, Polegar...

Já me fiz de inteligente sem entender uma palavra do que diziam.
Passei por burro quando me interessava.
Discuti coisa que não sabia.
Me calei quando deveria ter gritado.

Já lutei por aquilo que considerava justo.
Senti medo de escuro e enfiei a cabeça embaixo do travesseiro.
Liguei som alto para não ouvir meus pensamentos.
Tentei ver Fórmula 1 de madrugada e acabei dormindo.

Já fiz perfil no Orkut e apaguei.
Escrevi textos e não publiquei.
Mandei emails que não tiveram respostas.
Fiz promessas as quais não pude cumprir.

Já descasquei por causa do sol.
Peguei bicho de pé e só deixei Tia Silvia tirar.
Fiquei a semana toda esperando para ir na casa da minha vó.
Acordei com o olho pregado por causa da conjuntivite.

Já passei mal porque comi muita coxinha em festa de aniversário.
Pedi perdão com os olhos marejados por ter ofendido quem gostava.
Rezei novena em final de ano.
Fui na pracinha depois da missa encontrar os amigos.

Já sofri quando o Flamengo perdeu um jogo.
Torci muito pelo Brasil nas olimpíadas.
Esqueci de datas importantes.
Não disse Eu Te Amo quando devia...

Já soltei os peixes que pescávamos com pena de matá-los.
Tentei salvar passarinho machucado.
Levei tombo de skate e tive medo de andar de patins.
Procurei final de arco-íris para encontrar um pote de ouro.

Já fui dono de pocinha na praia.
Me apaixonei pela lua cheia.
Comi pão com açúcar e manteiga.
Fiquei de fora na pelada de rua.

Já fui super-herói, bandido, policial, médico, paciente, ator, pai de família e outros milhões de coisas nas brincadeiras com meus primos.
Roubei no palmo quando jogava bolinha de gude.
Levei tempo para conseguir fazer um peão de corda rodar.
Machuquei o pulso com o "bate-bate".

Já fiz gols mais bonitos que os de Pelé.
Corri mais que Usain Bolt.
Nadei como o Michael Phelps.
Tenho mais títulos em Super Mônaco GP do que o Schumacher sequer poderia imaginar.

Já ganhei abraços que ninguém mais no mundo inteirinho possui igual...
Senti o coração apertar de tanta saudade.
Fui caçador de sorrisos.
Tive que ir embora com uma imensa vontade de ficar.

E assim cheguei aqui...

sábado, 22 de novembro de 2008

Hoje

Hoje quero tudo misturado
Sol com chuva
Doce com salgado
Banana com uva

Quero beijos com gosto de sundae de chocolate
Abraços que parem o mundo à minha volta

Calor e frio
Sul e norte
Mar e rio
Azar e sorte

Quero travessuras com gostosuras

Quero sim...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Inominado

Já faz alguns minutos que estou tentando escrever...
Na realidade alguns dias...

Vários textos começados e apagados... Nem todos... Alguns guardados, escondidos...

Queria falar sobre o que sinto e quem sou...

Complicado... É preciso segurar os pensamentos...

Já fui melhor nisso.

"
Estou sentado na praia. Posso me ver. Sou mais novo. O cabelo não está raspado. Sorriso fácil. O vento é forte. Fim de tarde. O sol se põe às minhas costas enquanto à frente começa, envergonhadamente, uma exposição de cores a me dizer que devo permancer ali. Enfio meus pés na areia. Está um pouco frio. A lua desponta no horizonte. Cheia como sempre. Tenho um livro nas mãos. Folheio. Ele é branco. Não há gravuras. Estou usando uma camisa bege, talvez amarela. Uma bermuda azul, sem dúvida. Escrevo algo na areia. O barulho das ondas é inebriante. Os pensamentos viajam. Penso em tudo que me espera. Nas dificuldades que irei enfrentar, sem na verdade possuir a menor noção de quais sejam. Latidos de cachorro me despertam. Já é noite. A lua maravilhosamente bela me sorri. Eu retribuo o gesto. Quero levantar. Meu corpo dói, passei muito tempo na mesma posição. Parado. Esperando. Que ela surgisse ao longe. Bem distante. Impossível de ser tocada. E mesmo assim fiquei ali... Só para sorrir... Quando despontasse no horizonte...
"

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Dos Erros

Hoje, enquanto ouvia "Há Tempos" do Legião, me peguei pensando sobre meus erros. Alguns específicos surgiram na minha mente mas refleti de maneira geral.
É comum ouvirmos "teria feito tudo da mesma forma" e, às vezes, também penso assim. No entanto, hoje vieram idéias contrárias.

Não, não teria feito da mesma forma. Em alguns momentos eu teria tomado outros caminhos. Acertaria. Ao menos tentaria.

Geralmente a experiência nos ensina. Evita incorrermos nas mesmas atitudes que nos fizeram mal. Neste ponto me veio a imagem de um Rodrigo criança. O que ele teria feito quando o Rodrigo adolescente e adulto erraram? Difícil responder porque aquele garotinho curioso e inquieto acertaria com certeza.

Ele não saberia responder qual a capital do Nepal, nem resolveria equações diferenciais ou problemas de física. A vida era algo simples. Resolvia tudo com muita paixão e pouca razão. Talvez aí esteja o segredo...

domingo, 9 de novembro de 2008

Pasárgada

Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Sobre a Conquista

Dedico este texto à Giorgia.

Se tem algo que aprendi neste tempo que caminho por aqui na terra é que as batalhas nunca cessam. O importante é "combater o bom combate", com a licença do apóstolo Paulo.
Sempre nos falam para levantar e seguir em frente. O que não nos dizem é que cairemos de novo, mas os tombos são necessários... Nos fazem mais fortes e preparados para os desafios que estão por vir.

Muitos desistem e mudam o rumo. Admiro os que persistem. Esses são os mais fortes.

Mandela disse, em um de seus textos, que escalou uma montanha muito difícil e traiçoeira, a liberdade do seu povo. Ao chegar no cume, exausto, percebeu que muitos outros montes restavam para serem conquistados. Apreciou a beleza da paisagem por alguns minutos e se pôs na nova caminhada.

Meus parabéns Gi! Um novo horizonte aparece à sua frente. Que essa mesma força que demonstrou até aqui esteja presente em sua profissão futura. Deus dá a poucas pessoas o dom de salvar vidas, e por isso precisa prová-las para que se deêm conta do poder que lhes foi entregue.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sobre o Barco

Sun Tzu em "A arte da guerra" diz que em dias de guerra precisamos nos preparar para a paz e em tempos de paz nos armar para a guerra.

Muitas vezes nessa vida estamos em meio a um mar calmo, ondas marolando nosso barquinho, aproveitamos o sol forte e a abundância que nos cerca. No entanto, não devemos nos acostumar com isso. Inevitavelmente a tempestade irá chegar. E jogará o barco de um lado para o outro, contra as rochas, perderemos o rumo, os sentidos, blasfemaremos, sentiremos falta dos dias calmos (e por isso mesmo os valorizaremos ainda mais).

Da mesma forma que chegou, o mau tempo irá embora. Sobrarão os estragos que ele causou. E teremos a difícil missão de reconstruir sem deixar de aproveitar a bonança que outrora foi desejada.

Nunca estamos sós, nem nos tempos turbulentos nem na tranquilidade de um belo dia de verão. Outros barcos nos acompanham, às vezes de longe, nos guiando e indicando um caminho a seguir.

Quando um barquinho te fizer algum sinal, preste bastante atenção pois ainda que esteja no mar calmo e ele queira te levar para a tempestade, saiba que paz e guerra são os lados opostos de uma mesma moeda, uma não existe sem a outra e o equilibrio não se faz sorteando sempre o mesmo lado.

domingo, 2 de novembro de 2008

Pensando bem...

Pensando bem eu não sou um bom escritor.
Pensando bem nem gosto tanto de escrever.
Pensando bem a chuva sempre há de cair.
Pensando bem o sol vai surgir em seguida.
Pensando bem os anos vão passar.
Pensando bem a saudade ficará.
Pensando bem amores verdadeiros são raros.
Pensando bem é aí que se encontra a beleza deles.
Pensando bem nem queria ter muito dinheiro.
Pensando bem nem sei o que fazer com ele.
Pensando bem não acredito em coincidências.
Pensando bem passei a aceitá-las.
Pensando bem nem sei o que faço aqui.
Pensando bem...

Estou vivo e ainda tenho paixão,
Pensando bem é tudo que me importa.
Seguir em frente com essa esperança de que tudo dará certo...

sábado, 1 de novembro de 2008

Abstrações

Há alguns anos, um pouco mais de dez, eu lecionava matemática e física para o antigo segundo grau. Também vivia perdido entre algoritmos, alguns irresolúveis, na faculdade de engenharia.

Entre provas e códigos de computador, encontrei um livro chamado "A arte de resolver problemas".
Não o li, apenas folheei algumas páginas e me recordo de duas técnicas para solucinar o, aparentemente, impossível.

A primeira é "dividir para conquistar", resume-se em quebrar um desafio em pequenos pedaços e, à medida em que se vai resolvendo-os, o grande se torna solucionável.

A segunda é a técnica da abstração. Quando nos deparamos com um problema costumamos nos centrar em seu entorno, perdemos horas tentando encontrar a resposta dentro da própria questão. O segredo é abstrair. Fugir daquele escopo, procurar novas variáveis, enxergar além da realidade fática que nos é apresentada.

No filme "Patch Adams, o amor é contagioso" há uma pequena menção a esta técnica. Quem viu o filme se recordará que o Patch Adams se interna em um manicômio, lá ele encontra um milionário que mostra as mãos e pergunta quantos dedos vê. Resposta imediata, cinco! Não era a correta. O segredo estava em olhar através da mão. Mudar o foco para além dela, e daí os dedos se multiplicavam.

Por diversas vezes ao longo desta vida utilizei técnicas de resolução de problemas, quer seja no meio acadêmico, quer seja nos enigmas e problemas com os quais me deparei fora dele.

O que isso tudo tem a ver com este blog? Com os temas recorrentes?

Abstraia!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Digressões

Tenho me pego pensando sobre a diferença entre 3 ações, às vezes, muito próximas.
Gostar,
Se apaixonar e
Amar.

A gente gosta do jeito que a pessoa se comporta, do modo como ela se veste, das brincadeiras...

Nos paixonamos pelo cheiro, pelo gosto do beijo, pelo que ela fala e pensa, pelo sorriso, pelo olhar...

E amamos... Amamos estar do lado o dia inteiro, sonhar juntos, dividir problemas...

Diferenciar cada um desses estágios é tarefa difícil.

Somos traídos por nossos sentimentos. Amamos e nos apaixonamos. Gostamos e nos paixonamos. Nos apaixonamos sem amar...

Gostar,
Se apaixonar e
Amar.

Que chato seria a vida sem que alguém nos fizesse sentir um dos 3 sentimentos... Sem que eles se renovassem...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Wilber

Há muitos anos passava um desenho na TV, que vi repetidas vezes, cujo roteiro era mais ou menos o seguinte:

Uma cegonha atrapalhada entrega um filhote de leão a uma ovelha que não podia ter filhotes. O nome dele era Wilber. Logo virou motivo de chacota do bando. As ovelhinhas viviam rindo e aprontando com ele.
Wilber cresceu e se tornou um grande felino, no entanto agia como ovelha e morria de medo do coiote que costumava atacar o bando dele. Certa noite todos dormiam quando Wilber ouviu um uivo. Assustado se escondeu entre as outras ovelhas. O coiote veio e levou sua mãe... Ela gritava:
- WILBEEEEEEERRRR!!!
Ele tremia.
- WILBEEERRRRR!!!
Ele tremia.
- WILBEEEERRR!!!
Algo aconteceu então. Ao ver a mãe em perigo seu extinto falou mais alto e finalmente o rei das selvas apareceu no lugar daquele felino assustado que fora criado como ovelha. Seu rugido estremeceu todo o vale e, claro, salvou sua mãe enquanto pôs o coiote para correr.

Ando passando muito tempo ultimamente recordando de pequenos valores que aprendi na minha infância e adolescência por conta de desenhos, livros, músicas e outras coisas.

Este é um belo exemplo.

Quantas vezes somos tratados como ovelhas assustadas enquanto o coiote uiva ao nosso redor? Quantas vezes não defendemos um amigo? Quantas vezes deixamos de agir com justiça?

Todos temos um leão adormecido dentro de nós. Precisamos aprender a acordá-lo. Não para amedontrar, mas para espantar os coiotes...

domingo, 26 de outubro de 2008

Balão Mágico

Quem tem mais de 30 anos deve lembrar bem do balão mágico. Não havia CD nem DVD naquela época, mas as vitrolas eram mais que suficientes para tocar aqueles discos grandes de vinil (e ainda cabia um "teatrinho" girando que veio de brinde em um dos LPs do balão mágico) e encher de algria qualquer ambiente onde houvesse crianças.

Aos mais novos, recomendo que entrem no sítio abaixo e percebam a beleza dos textos que eram realmente feitos para crianças, com mensagens que traziam valores necessários para o crescimento delas.

Esta fala muito de amizade sem preconceitos.

http://www.youtube.com/watch?v=R4IUw7SZz8E&feature=related

Não é proibido

"Venha pra cá, venha comigo!
A hora é pra já, não é proibido.
Vou te contar: tá divertido,
Pode chegar!
...
Traz todo mundo, 'tá liberado, é só chegar.
Traz toda a gente, 'tá convidado, é pra dançar,
Toda tristeza deixa lá fora; chega pra cá!"
Marisa Monte

Não é proibido sorrir.
Não é proibido se apaixonar, ainda que todos os dias pela mesma pessoa.
Não é proibido se espreguiçar.
Não é proibido dançar, na chuva então é obrigatório.
Não é proibido banho quente.
Não é proibido muito café.
Não é proibido fim de semana na casa da vó.
Não é proibido abraço.
Não é proibido coçar o umbigo.
Não é proibido chorar, de felicidade.
Não é proibido gritar até ficar rouco.
Não é proibido acordar meio dia.
Não é proibido comer sorvete de chocolate com cobertura, de chocolate.
Não é proibido aumentar o som do rádio bem alto.
Não é proibido ficar de porre, desde que isso não se torne um vício.
Não é proibido dar bom dia pro sol.
Não é proibido ver a lua cheia nascer.
Não é proibido acordar de bom humor.
Não é proibido amar.
Não é proibido sonhar, principalmente e acima de tudo...


É isso! E fim!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sobre saber ser feliz

Ao longo dessa minha vida já me deparei com diversos tipos de pessoas.

Pessoas magoadas, machucadas.
Pessoas ranzinzas, negativas.
Pessoas assutadas, com medo de viver.

Mas não é dessas as quais quero me reportar. Vou falar sobre um tipo muito especial e raro de pessoa, aquelas que sabem ser felizes.

Esse tipo de pessoa contagia a gente. Sou capaz de ficar horas admirando a alegria que emana de dentro delas. É algo tão natural e maravilhosamente belo que enfeitiça a gente. São pessoas abençoadas.

Elas têm uma capacidade imensa de sorrir. E a vida, para elas, é coisa simples. O otimismo impera em seus corações.

E dançam. E riem. E falam de coisas boas. E nos tocam a alma.

Este texto é para elas então.

Pessoas que, às vezes, cruzam nossa vida em um único momento e nos marcam para sempre...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Senhor das Palavras

Um dia vou aprender a manipulá-las.
Vou juntar A com Z e F com G.
Construirei longos períodos.
Subordinados e Coordenados.
Sindéticos e Assindéticos.

Vou rimar Cisne com Tisne.
Flor com Ardor.
Amor com Calor.
E Lua com Mar.

Escreverei em verso e em prosa.
Narrativas e Dissertativas.
Poemas e Crônicas.

Farei o texto perfeito.
Aquele que mudará o mundo.
Senão o todo, ao menos o meu.

Utilizarei exclamações e interrogações.
Pontos e vírgulas.
Aspas e travessões.
E elas não poderão nunca faltar, as reticências...

Um dia serei como crianças construindo castelos de areia.
Vou juntar as palavras até que uma onda derrube tudo.
Quando isso acontecer... Não vou chorar.
Vou rir e agradecer a oportunidade de escrever...
Não ali...
Mas um pouco mais acima...
Distante do mar...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Quem não é o maior...

Sempre fui o menor da turma. Acostumei com os diversos apelidos direcionados aos baixinhos. Até gosto de alguns deles.

Uma certa professora de português, de cujo nome não me recordo, vivia me desafiando e dizendo: "Quem não é o maior tem que ser o melhor!"

Ser o melhor... Sina que me perseguiu por alguns anos na escola. Eu precisava ser o melhor, afinal não seria o maior. E me dedicava a isso.

Hoje eu olho para trás e vejo algum tempo perdido na busca pela excelência acadêmica. No entanto também enxergo diversas conquistas. A verdade é que não gosto de competições. Me comparar com os outros. Gosto de me superar, de provar meus limites, apenas os mentais, mas a idéia de que outro perde quando eu ganho nunca me agradou.

Por que estou escrevendo tudo isso?

Para me sentir melhor... Não o melhor... Apenas escrever algo que ocupe meu tempo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Tia Julimar

Deveria ter escrito este texto ontem, peço desculpas por isso...

15 de outubro.

Com a licença da minha mãe, minha primeira professora e a quem devo o despertar da minha curiosidade pelas palavras, vou homenagear os professores falando da Tia Julimar.
Eu tinha apenas 5 anos de idade, cursava a primeira série do antigo primeiro grau. Era um aluno rebelde, bagunceiro. Não queriam me deixar na sala da minha mãe. Outras professoras tentavam me convencer a ir para a turma delas mas eu estava irredutível.
Até que a Tia Julimar apareceu. Na minha lembrança se perderam os traços do seu rosto, porém eu lembro que era linda. Sua voz, suave e paciente.

Essas lágrimas que enchem meus olhos são de gratidão...
Era uma escola pública onde a desmotivação imperava. Não na Tia Julimar. Sempre disposta a se doar por uma criança, na difícil arte de ensinar.

A você Tia Julimar meu mais sincero obrigado. Em todas minhas conquistas está presente aquela professora que um dia me olhou e decidiu lutar por mim...

Hoje vejo as pessoas com algum grau de importância serem chamadas de doutores. Até fazem questão disso. Ledo engano... Não há título mais belo que o de PROFESSOR.

A todos os professores um feliz dia dos professores, data infelizmente pouco festejada em um país sedento por educação, que jamais desanimem de semear o conhecimento.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sobre a Saudade

s. f.,
lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar a ver ou a possuir;
pesar pela ausência de alguém que nos é querido;
nostalgia;


Muitas vezes me pego pensando em pessoas que caminharam ao meu lado em algum momento da minha vida. Amigos de infância, parentes que estão longe, pessoas que fizeram diferença e me transformaram em quem sou.
São músicas, cheiros, textos e coisas que me transportam até elas...

Saudade é isso. Se transportar. Reviver. Esperar. Que um dia, em um desses caminhos a gente volte a se encontrar só prá dizer: "Oi, que bom te ver por aqui. Estava com saudade!".

Ai Que Saudade D'Ocê
Alvarenga e Ranchinho
Composição: Indisponível

Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê

Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijo
Ai que saudade de ocê

E se quiser recordar
Daquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Você caía no choro
Eu chorando pela estrada
Mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é de ocê

Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê

Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijo
Ai que saudade de ocê

E se quiser recordar
Daquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Você caía no choro
Eu chorando pela estrada
Mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é de ocê


P.S.: Antes que me perguntem. Este texto não é sobre ninguém em especial, só sobre a saudade. Esse sentimento forte que a gente sente quando algo se foi...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sobre a Beleza

Certa vez minha mãe ganhou de um aluno um copo, uma taça na verdade. Era dessas que parecem cheias de bebida mas quando você vai ver não tem nada. Explico melhor. Ela possuía duas camadas de vidro e, entre elas, um líquido vermelho. Quem a olhava imaginava estar repleta de vinho mas não estava...
No auge dos meus 7 anos aquilo me despertou verdadeiro fascínio. Era de uma beleza exuberante. Eu não conseguia entender como algo parecia estar cheio sem o estar de fato. Eu precisava entender... E passei horas com a taça. A virava de ponta cabeça, a chacoalhava, olhei por todos os ângulos possíveis e, por fim, a quebrei...
E o líquido se foi. Só sobraram alguns cacos de vidro em minha mão. O que antes era tão belo se tornou algo comum e sem graça. Eu não podia consertá-la...
Me restou largar os cacos na mesa e ir lavar minhas mãos, vermelhas e sujas.

Me veio essa lembrança hoje enquanto dirigia até em casa.

Aprendi algumas lições desse fato. Algumas óbvias, outras nem tanto...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Capítulo IV - Insistência

Todos os dias ela fazia o mesmo caminho. Era sua religião. Seguia pela rua, entrava naquela casa, antes abandonada, e cuidava da jabuticabeira.
Agora a casa estava ocupada, não para ela. Entrava da mesma forma que sempre fez, se via aquele homem o cumprimentava com um sorriso e nada mudava. Alegremente conversava com a árvore que representava, em seu coração, amizade eterna que teria com a amiga que se fora prematuramente. Mais que isso, o amor pela planta crescera, era sua confidente, sempre disposta a ouvir, oferecer a sombra nos dias de sol forte e abrigar nos dias de chuva.
No início ele foi indiferente, até gostava de vê-la por ali. Mas o tempo passou e com ele a esperança que brotara naquela madrugada da limpeza. A amargura tomou seu velho assento naquele peito cansado contudo resignado. Decidiu fechar o portão.
Ela caminhava pela rua como em um dia qualquer, afinal nada indicava que não fosse. Chegou ao grande portão. Fechado. Olhou seu pé de jabuticaba de longe, enfiou as mãozinhas por baixo do trinco e abriu o portão. Sorrindo, vitoriosa, foi até sua companheira.
Ele estava a observá-la da janela. Não gostou do que viu, aquela menina impertinente não sabia o seu lugar? Pensou em ir até ela mas desistiu. Apenas se limitou a acompanhar a liturgia diária. Achou estranho o fato dela ter saído e deixado o portão exatamente como encontrou. Fechado.
No dia seguinte, lá vinha a menina dos olhos pretos e curiosos a cantarolar pela rua cumprindo seu rito. Novamente encontrou o portão fechado e colocou a mão por debaixo tentando abri-lo. Sentiu algo gelado. Um cadeado...
De longe, o homem do olhar melancólico se vangloriava de seu feito, vencera o jogo. Agora essa menina não entra aqui. Pensou. Um leve sorriso esboçou-se naquele rosto rancoroso.
Ela analisou o portão. Enfiou os pés por entre as grades e, triunfante, escalou a barreira que a separava de seu objetivo.

sábado, 27 de setembro de 2008

Textos incompletos

Trocaram duas ou três frases a mais. Antes horas ao lado dela pareciam segundos, hoje minutos são eternos. Era hora de se despedir. Nervoso deixou suas chaves caírem no chão, a abraçou e seguiu seu caminho. Cabisbaixo. O coração apertado. Queria voltar e sacudi-la. Sabia que de nada ia adiantar. Resignou-se. A noite ia ser longa... Mas ainda tinha a lua como velha companheira.
Entrou no carro sem saber quanto tempo levou ou com quem cruzou no caminho até ali. Seus pensamentos o perturbavam, eram cheiros, gostos, lugares, sons... O que ocorreu nesses dois últimos anos? Por que aquela frieza entre duas pessoas que um dia se importaram tanto uma com a outra?
Permaneceu ali parado tentando encontrar um sentido naquilo tudo, cavando nas memórias algo que, de alguma forma, fosse capaz de responder suas perguntas. Quanto mais desenterrava, mais questionamentos surgiam e sua aflição aumentava. Tentou chorar, mas as lágrimas secaram em uma de suas noites mal dormidas há seis meses...
Só restou ir para casa. Ao menos o que deveria ser uma. A bagunça era generalizada. A pia atulhada de vasilhas, copos e talheres sujos. Roupas espalhadas pela sala. A cama desarrumada com os lençóis por lavar. Olhou aquilo tudo. Foi para o banheiro e se deteve no espelho. Cara amarrada. Cabelos e barbas por fazer. Há muito a alegria o largara sem deixar recado ou mandar notícias.
É... Estava claro que algo em sua vida urgia por mudança. Afinal aquele garoto sonhador ainda residia em algum lugar do seu corpo. Tudo aconteceria na hora certa. E quando chegaria tal momento? Ele nunca foi muito paciente. Olha o mundo a sua volta. Pensa nos seus últimos meses. Levanta diversas possibilidades sobre o futuro incerto e vai se deitar.

- Quem é você?
- Sou tudo aquilo que você não se tornou.
- Isso é bom?
- Sempre há um lado bom em tudo.
- Me diga você então...
- Não. Vou te falar sobre algo que esqueceu há algum tempo. Quais são seus valores? O que te faz feliz? Ainda se reconhece?
- Não...
- Lembra aquela vez quando tinha oito anos? Achou aqueles três filhotes de gato na rua e os levou para casa. Convenceu sua mãe de permanecer com eles ao menos por uma noite. Mas cedeu e eles dormiram do lado de fora. E fez frio naquela noite... Quando acordou saiu correndo para vê-los...
- E já estavam sem vida...
- Como se sentiu?
- Incapaz, impotente diante da morte...
- E em relação à sua mãe?
- Estranhamente não fiquei com raiva dela. Chorei porque não fui capaz de dissuadi-la no dia anterior. Devia ter argumentado mais...
- Eram só três gatos e nada mais.
- Não! Eram três vidas! – as lágrimas escorrem do rosto – Quem é você? Me conhece de verdade?
- Sim. E era isso que eu buscava... Reconhecê-lo...


Acorda assustado. O rosto em prantos. Chora e sente o gosto salgado das lágrimas. Há quanto tempo não se entregava assim... Correu para o espelho. Fez a barba e acertou o cabelo. Era madrugada ainda, mas sentiu forte vontade de andar pela rua. Chovia. Os pingos de chuva preencheram seu corpo. Sua alma. Novamente chorou. Há coisas que não se explicam e ele entendia isso agora. Necessitava viver mais um segundo, um minuto, uma vida... Decidiu não se punir mais e aceitar as dádivas, transformar as maldições que lhe viessem.
Lembrou dos três gatos. Das vezes na vida em que precisou convencer as pessoas por acreditar em algo que considerava justo. Precisava sair da gaiola, mas tinha medo do mundo que se abria. Era preciso recuperar a fé nas pessoas, nas coisas, em si próprio. Seguiria sua caminhada sem autoflagelações. Acordaria a cada dia renovado. Sairia na chuva nos dias tristes e permaneceria no sol nos alegres. Queria escrever. Para ela uma última vez... A conversa que nunca tiveram. Correu em casa.
“O que ocorrerá quando meus olhos cruzarem com os seus?”

para Francisco

Eu a vi há algum tempo em um Globo Repórter.
Ela transformou a dor em inspiração, esperança e amor.

Hoje encontrei seu blog, um belo presente para meu recém passado aniversário.

"Com o seu pai eram muitos (mundos). Fique atento, filho: quando acontece de encontrar a cada dia mais mundos com alguém, costuma ser amor."
Cristiana Guerra
parafrancisco.blogspot.com

Para os que, como eu, ainda acreditam que só o amor tudo modifica...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Capítulo III - Jabuticaba

Ela se lembrava bem. Aquele dia de verão há 7 anos, o sol quente e umas sementinhas nas mão pequeninas.

- Venha, vamos plantar naquele canto. - dizia à amiga enquanto corria embalada.

Fez exatamente como aprendeu na escola, cuidou da terra, arou, adubou e colocou a expectativa de uma árvore ali, carinho e amor maior não se encontraria em lugar nenhum. Molhou e sorriu.

- Será que ela vai crescer? - a amiga perguntou.
- Claro que sim. - a certeza fazia morada no seu coração - Vamos brincar em sua sombra muitas vezes ainda.

Como essa frase ficou marcada em sua vida. E quantas foram as vezes que ao redor daquele pé de jabuticaba as duas brincaram e trocaram confidências de adolescentes descobrindo o mundo. E ali daria seu primeiro beijo aos 14 anos. Ali choraria no ombro da amiga a dor do primeiro amor partido. Ali...
Abraçou seu travesseiro e sentiu o coração apertar... Foi um dia antes do acidente. As duas passavam a tarde juntas e foram até a jabuticabeira.

- Me promete uma coisa?
- Sim.
- Que você sempre cuidará do nosso pé de jabuticaba?
- Claro que sim. Mas nós vamos cuidar dele para sempre.

Há coisas nessa vida que não se explicam. No dia seguinte, um carro, um acidente e nada seria como antes...
Sim, nada seria como antes. Naquele coração que ainda descobria o amor, a saudade doída da amiga se instalaria por um longo período. E as lágrimas rolam... E a dor persiste... Mas restou a jabuticabeira, como os campos de trigo a lembrarem os cachos dourados de um pequeno príncipe.

Agora, no escuro do seu quarto, o pranto tomava conta do rosto que combinava muito melhor com um sorriso. Por quê? Pergunta pertinente que perduraria por muitos anos em seus pensamentos. Ela era tão nova, tinha tanto por viver ainda? Por quê? E quem iria entender? Quem poderia acalmar aquele coração machucado? Mal saberia ela...

E cansada de tanto chorar, foi vencida pelo sono. Sonhou com a amiga correndo para a sombra da jabuticabeira, sorrindo e chamando-a. Ouviu um latido e, no seu sonho, aquele cachorro que a cheirara recentemente aparecia fazendo festa. Era um belo dia de verão e os raios de sol esquentavam sua pele produzindo uma sensação maravilhosa de bem estar. E no coração instalou-se a mais profunda paz. Paz... A menina sonhadora a procurava e encontrava, quando dormia ou cuidava da árvore.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Capítulo II - Limpeza

Era preciso começar por algum lugar. Limpou um canto do jardim onde colocou ração e água para seu fiel amigo. Parou-se um tempo olhando a jabuticabeira. Não sabia ao certo porque fazia isso. Pegou-se pensando no encontro que ocorrera mais cedo. Riu ao lembrar do jeito infantil daquela menina dos olhos pretos e curiosos. Riu... Quanto tempo não via seus lábios se flexionarem daquela forma... Quanto tempo muita coisa não acontecia...
Logo se desfez de seus pensamentos, havia muito trabalho. Pegou um balde e encheu de água. Vassoura em punho. Olhou a sala imunda e resolveu comer algo.

- Por que a pressa? - falou alto tentando se convencer de que a limpeza poderia esperar.

Enquanto fazia um sanduíche de mortadela se transportou a outro tempo. Ficou tão distante que nem percebeu o seu cão latindo e saracuteando por um pedaço daquele lanche.
Aquele lugar urgia por limpeza. Não o físico... O coração estava carregado de mágoas, rancores, remorsos, arrependimentos... Há muito ninguém aparecia por ali. Ele precisava fazer algo. Mudou-se mas tudo parecia como antes.
A chuva começou a cair e o sol se foi. O frio continuava. Por quê? Essa interrogação teimava em martelar na sua cabeça. Começou a arrumação. Tirou a poeira amontoada na sala, não sem antes espirrar várias vezes. Varreu os quartos. Desinfetou os banheiros. Consertou o chuveiro. Trocou as lâmpadas queimadas. Ajeitou seus livros. Os móveis chegaram no fim da tarde quando toda casa já estava limpa. Virou a noite montando camas e armários. Se cansou. Deitou no sofá.
Estava exausto, todo corpo doía. Todo corpo... As lágrimas rolaram sem motivo. Pelo menos era assim que ele preferia ver. Talvez fossem de felicidade por estar recomeçando. Talvez de medo pelo que estava por vir. Não. Ele bem sabia... Eram de saudade...
Rex lambeu sua mão e deitou-se próximo.

- O que seria de mim sem você? Sempre ao meu redor, me protegendo, me observando, sendo um amigo fiel. E o que me cobra para isso? Um pouco de ração, água limpa e um afago eventual.

Olhou seu cão com muito afeto. Acariciou sua cabeça e o pranto, que havia se contido, desatou em soluços. Estava frágil. Neste instante lembrou do pé de jabuticaba, da menina que entrou pelo portão sem fazer cerimônia e permaneceu ali mesmo quando descoberta. Tinha um sorriso maravilhoso, era visível a pureza de seu coração.
Sua condição se modificou. Encheu-se de esperança e decidiu cuidar daquele jardim. Se dedicaria às plantas como aquela menina fez com a jabuticabeira. Um novo tempo o esperava, que fosse da mais profunda paz...

domingo, 31 de agosto de 2008

O Vendedor de Sonhos - Capítulo I

Era madrugada naquela pequena cidade. O carro escuro percorreu suas ruas frias e desertas observado apenas por um ou outro gato vadio a caminhar por entre os telhados das casas típicas do interior. Estacionou em frente à casa laranja, abandonada há algum tempo. De dentro desceu um homem que aparentava uns 30 anos de idade, barba por fazer, roupas amarrotadas e um olhar melancólico. Parou por um instante aparentando analisar o mundo à sua volta. Não era alto nem baixo, talvez tivesse um metro e setenta, também não era magro, uns setenta e cinco quilos. Não se importava com sua aparência, afinal havia mais coisas com que se preocupar...
Junto trouxe algumas malas e um cachorro em cuja coleira lia-se Rex. Era vira-lata de raça nobre, branco com olhos caramelo, pêlos baixos e pouca estatura, mas sabia mostrar os dentes para proteger sua comida. Latiu quando passou pelo portão grande que dava para um pequeno jardim cheio de mato, resultado do tempo negligenciado. Rex correu a descobrir e demarcar seu novo território. Estava tudo revirado à exceção de uma jabuticabeira no canto esquerdo próxima ao muro. Ela parecia muito bem cuidada, ao menos sob a luz parca do poste que clareava a rua naquela noite de lua nova nos últimos dias de junho. O ano era 2006...
O homem, exaurido pela longa viagem, se arrastou até a porta de entrada passando, antes, por 3 degraus que estavam a separá-la da trilha, hoje suja. O ranger das dobradiças enferrujadas ecoaram no silêncio e ele teve medo de assutar os vizinhos. Entrou depressa e chamou seu cão. A sala era pequena e a poeira acumulada irritou seu nariz. Espirrou. No fundo, à direita, uma estreita escada levava ao andar superior. No térreo havia ainda uma cozinha e um banheiro. Acima dois quartos, um não muito grande e outro amplo, dividiam espaço com outro lavabo.
Deixou as malas na sala e estendeu um saco de dormir no canto de um dos quartos. Dormiu como há muito não fazia. Sonhou com um tempo distante, onde a chuva caía e ele curtia a beleza da água doce e límpida preenchendo cada centímetro do seu corpo em meio a um maravilhoso pôr-do-sol.
E assim se foi a primeira noite, ou parte dela, em seu novo lar. Lar... Palavra riscada do dicionário daquele exausto homem que aparentava 30 anos de idade...

...

Ela estava muito agitada naquele dia. No auge de seus 17 anos tudo parecia novidade, apesar de nada definitivamente novo ocorrer em sua vida pacata naquela cidadezinha construída entre as montanhas. Era inverno.
Suas bochechas grandes e vermelhas contrastavam com seu olhos pretos perdidos entre pensamentos a contemplar estrelas na varanda de sua casa. A mente estava distante. Pensava em pintar os cabelos e as unhas enquanto se deliciava ouvindo música.
Era muito curiosa e carregava paixão em seu coração. Adorava ler, devorava livros. Por um instante parou a acompanhar uma formiga, dessas que costumam invadir açucareiros, que se perdera de sua casa e andarilhava nervosa e sem rumo. Logo desviou sua atenção para um canto do gramado onde pirilampos faziam peripécias em meio à escuridão interrompida por suas luzes intermitentes. Ela sorriu...
Decidiu ir se deitar. O calendário na cabeceira de sua cama marcava 27 de junho de 2006. Um leve suspiro saiu sem querer... Seu sono foi tranqüilo, apenas interrompido por um barulho de carro, incomum na madrugada, seguido do latido forte de um cão.

...

Acordou cedo naquela sexta-feira, apesar das férias escolares. Sentia algo diferente, uma alegria incontida. Despiu-se e foi tomar um banho. Encheu a banheira e ficou ali deitada olhando o teto e rindo de pensamentos perdidos em sua mente juvenil. Sua mãe gritou para que fosse tomar café. Levantou-se preguiçosamente, pegou a toalha e enxugou o corpo coberto de espuma.
Em pouco tempo estava na mesa.

- O que você tem? - a mãe perguntou
- Nada, por quê?
- Parece diferente...
- Acordei feliz, só isso.
- Assim, sem motivos?
- É...

Comeu alguns biscoitos, um pedaço de pão com geléia, tomou leite e saiu.
Caminhava pela rua em direção à velha casa laranja, no caminho admirou uma borboleta colorida que parecia dançar. Sorriu, tinha o riso fácil. Viu o carro escuro parado mas não deu muita bola, entrou pelo portão em direção à jabuticabeira.

- Oi! Como você está hoje? Linda como sempre. Alguma formiga comeu suas folhas? Tem uma jabuticabinha perdida em seu tronco?

Seguiu ali cumprindo sua velha e boa rotina de conversar com o pé de jabuticaba...

...

Ele acordou em meio às molhadas lambidas de seu cachorro.

- Pára Rex! Pára!

Ameaçou se irritar mas logo desfez a testa franzida, afinal quem poderia culpar um amigo tão próximo de o acordar?
Levantou-se e foi até o banheiro. Tudo estava empoeirado, seria um longo dia de limpeza e arrumações. Não se importava... Assim seria fácil preencher seu dia, pelo menos aquele...
Escovou os dentes, revirou as malas à procura de roupas, toalha e itens de sua higiene pessoal. Tomou um longo banho e foi despertado de seus pensamentos pela impaciência do seu cão.

- Tudo bem, tudo bem...Já estou indo. Precisamos comprar comida não é?

Rex o olhou e curvou o pescoço lateralmente como quem diz "o que você está dizendo?". Alguns minutos e os dois estavam na porta.
Ela se assustou quando os viu...

- Quem é você?
- Oi! - sorriu meio sem jeito, ainda assim aquele rosto exato o marcaria por toda a vida - Venho sempre aqui ver minha jabuticabeira...
- Foi você quem plantou?
- Foi sim... - se assustou com o cachorro em seu pé
- Ele não morde. Seu nome é Rex.
- Oi Rex, gosta de jabuticabas?

E assim se deu o primeiro encontro entre os dois. O homem do olhar melancólico e a menina sonhadora das buxexas grandes. Naquela manhã de inverno do dia 28 de junho de 2006...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Justiça

É tarefa difícil conceituá-la. Talvez por isso seja táo difícil buscá-la.
Não deveria ser assim. Afinal Justiça é a incessante perseguição da Verdade. Sim, Verdade e não verdade.

Platão nos apresentou há muitos séculos "O Mito das Cavernas". Ele fala que estamos todos acorrentados em uma caverna e o que vemos são apenas sombras da realidade projetadas no fundo da gruta. Se alguém escapasse e viesse a enxergar o mundo externo, voltaria para contar aos outros. Eles não acreditariam, o taxariam como louco, afinal só conhecem a verdade limitada pelos grilhões e a caverna.

Acredito que Jesus Cristo, Gandhi e Luther King vislumbraram a Verdade. Pagaram com a vida. O argumento deles modificou o mundo, sem guerras ou qualquer outro tipo de violência.

Voltemos ao ponto inicial. Justiça.

Jamais a encontraremos se buscarmos raciocínios lógicos, se utilizarmos a mente. A Justiça está no coração. Antes de se perguntar se algo é Justo, feche os olhos e sinta o coração bater, ao menor aperto tenha a certeza de que está diante de uma injustiça.

Justiça é paixão. Não há como definir com palavras.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Saudade...

Saudade...

Saudade é querer...

Querer de volta o que se teve,
Querer o passado presente,
Querer estar onde se esteve.

Saudade é sentir...

Sentir o coração apertar
e os olhos marejar,
com o simples tocar...
Daquela música que ficou lá... Naquele antigo lugar.

Saudade é rimar...

Rimas ricas e pobres,
raras e esdrúxulas,
chiques e bregas,
sol com chuva e
jabuticaba com uva.

Saudade é estar...

Distante...
Infinitamente distante...
E paradoxalmente perto,
grudado.

Saudade é unir...

Vírgulas e reticências,
Em um texto qualquer...
Só prá tentar explicar,
o que jamais se conseguirá...

Saudade...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Textos

Estou à procura dela. Antes estava por aqui o tempo inteiro. Bastava eu fechar os olhos e aparecia. Bela. Exuberante. A guiar meus dedos por entre os teclados num quase nirvana.

Onde foi?

Já saí por aí a buscando de volta. Encontrei pequenos lampejos de sua presença. Corri para escrever. Apaguei em seguida.

Inspiração.

Onde está a poesia? Minha poesia...
Se alguém a encontrar diga que estou com saudades...

domingo, 20 de julho de 2008

Cicatrizes

Há algum tempo li um texto que falava mais ou menos o seguinte:
"Um menino foi atacado por um crocodilo. Enquanto o réptil o agarrava por um abraço tentando levá-lo para o fundo do lago, sua mãe o puxava desesperadamente pelo outro lado. Foi uma luta difícil, mas ela o salvou. A imprensa logo soube do fato e várias pessoas vieram ver o menino. Pediam para que ele mostrasse as cicatrizes que o animal deixou no seu braço. Ele sorria e mostrava orgulhoso as marcas do outro braço:
- Estas são as marcars das unhas de minha mãe."

Cicatrizes...

Tenho algumas espalhadas pelo meu corpo. Uma no pé esquerdo que me lembra um filtro que caiu ali, outra na mão esquerda a me lembrar que não devemos mexer com cachorros dormindo... E por aí vão...
Essas são as físicas... As visíveis...

Outras são mais profundas... Marcaram minha alma...

Poderia passar horas falando das que me fizeram mal, mas, assim como o menino da história, opto por mostrar as que me fizeram bem...

Um abraço, um beijo e um adeus...
Lágrimas por ter reprovado seguidas da certeza de que isso não se repetiria...
A dor da ingratidão aliviada por uma desculpa sincera...

Cicatrizes...

Quem não as tem?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A Cidade do Sol

"Com o passar do tempo, foi aos poucos se cansando desse exercício. Começou a achar cada vez mais exaustivas essas tentativas de evocar, de desenterrar, de ressuscitar mais uma vez o que há muito tinha morrido. Na verdade, anos mais tarde, chegaria o dia em que Laila não choraria mais por essa perda. Ao menos, não tanto; não tão constantemente. Chegaria o dia em que os detalhes daquele rosto começariam a escapar às garras da memória, em que o simples fato de ouvir uma mãe chamando o filho de Tariq pela rua não a deixaria inteiramente desnorteada. Não sentiria tanta falta dele como agora, quando a dor de sua ausência não a deixava em paz por um momento sequer - como a dor fantasma de um membro amputado."

A cidade do sol - Khaled Hosseini

sábado, 5 de julho de 2008

Almas Gêmeas

Já faz algum tempo que não escrevo... Nem sei se alguém passa por aqui ainda...

Esta semana me peguei pensando sobre almas gêmeas. Estas pessoas que de vez em quando cruzam nossas vidas e parece que tudo combina, o azul com o amarelo, o pranto com o sorriso, o sol com a chuva...

Acredito fielmente que as almas surgem de um sopro Divino. E este sopro, como o nosso a criar várias bolinhas de sabão de uma só vez, cria almas em um único instante... No mesmo expirar que sai do peito do Criador...

Estas almas se espalharam por aqui e por aí...

Dedico este texto às minhas almas gêmeas.
Aquelas que reconheci na primeira vez que vi e que permaneceram ao meu lado.
Aquelas que demorei a reconher.
Aquelas que passaram e não reconheci.
Aquelas que um dia hei de conhecer.
E, principalmente, aquelas que afastei de mim...

A estas últimas minhas desculpas... Que um dia, em outra vida, eu possa corrigir meu erro...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Everwood

Everwood é um seriado americano que costumava passar no SBT. Fala sobre um médico muito bem sucedido em NY, o melhor na sua área, que perde a mulher e se vê com um filho adolescente e uma menina ainda criança para serem criados.
Ele então abandona tudo e vai morar em uma pequena cidade do interior dos EUA onde, certa vez, passou pela estação de trem com sua esposa e ela disse que gostaria de morar ali.

"Everwood, um lugar para recomeçar."

Esta é a chamada da série.
Depois de um longo período sem vê-la eu voltei a assistir, agora pela WB. Muita coisa mudou... Mas os relacionamentos humanos tratados em meio a pessoas que vão e outras que surgem continuam sendo o tema central. Me emociono vendo.

Hoje, especificamente, me peguei pensando sobre a chamada. Um lugar para recomeçar...

Quantas vezes nessa vida eu precisei recomeçar? Mudei de cidade, mudei de bairro, mudei de faculdade, mudei de telefone, mudei meu blog... Mudei as pessoas a minha volta...
No entanto, nesta minha longa caminhada de 31 anos, finalmente encontrei o um lugar para recomeçar aqui perto, dentro do meu peito. Ainda machucado, ainda se recuperando... Mas acima de tudo esperançoso... Confiando que em um desses recomeços eu encontre aquilo que todos procuramos... Felicidade...

Rio do Sul. Um lugar para recomeçar...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Nem tudo é fácil

Nem tudo é fácil

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!!!

Cecília Meireles

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Idiossincrasias

Hoje me peguei pensando sobre a solidão enquanto via um filme na TNT.

Sempre gostei de estar sozinho. Quando se é filho único a gente se acostuma a brincar e inventar estórias sem ter ninguém por perto. Cresci e ainda hoje me sinto bem dentro de casa deixando o pensamento viajar, só não brinco como antes...
No entanto, não gosto da solidão. Pode parecer estranho mas entendo que solidão é um estado de espírito enquanto estar só é apenas uma condição concreta e momentânea. Este sempre será uma opção e aquela uma conseqüência de escolhas erradas.

Pode-se sentir solitário em meio a uma multidão mas nunca se estará só ali.

Sei lá, só queria externar esses pensamentos...

domingo, 18 de maio de 2008

Confissões...

Talvez fosse muito tarde, não pelo horário, mas ele se arruma para sair.
Lá fora o frio é intenso. Coloca um agasalho. Sai pela rua...
Lua cheia. Ele se detém por alguns minutos a admirá-la. O pensamento voa há um tempo que não te pertence mais. Só que um dia já foi seu...

Ela está deitada. Vendo um filme qualquer que pegou na locadora. As unhas por fazer e os cabelos desarrumados, como estiveram uma vez... Já não pensa em nada como antes mas um profundo desejo de sair a tira do seu canto quente... A lua está cheia...

- Você por aqui? - Ela pergunta admirada.

Ele se vira e o coração dispara. Tenta falar algo mas não consegue... Ela o abraça forte...

- Só queria ver a lua. - Ele susurra

O abraço dura algum tempo mais. Os corações, antes gelados, se esquentam.

- Que bom te ver... - Os dois dizem ao mesmo tempo.

Caminham juntos na noite fria. Conversam bastante. Riem e relembram do passado...

- Pena que não deu certo. - Ela deixa escapar sem querer.
- É... Talvez tenha sido melhor assim...
- Por quê?
- Não sei... Mas repito isso todos os dias para mim mesmo.

Silêncio.

- Preciso ir... - Ela diz com a voz trêmula.
- Não vai. Fica mais um pouco...
- Não posso...

Ela se vai e ele grita.

- Eu teria te amado...

Ela olha de longe e sai correndo...

- ... ainda mais. - Ele susurra.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Chaplin

"Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de saudade
e tive medo de perder alguém especial
(e acabei perdendo)!
Mas vivi!
E ainda vivo!
"
Chaplin

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Carpe Diem

Aproveite o dia.
Curta o momento.
O futuro é incerto como o caminho que um pingo irá percorrer.
O passado é apenas a ausência de algo que já esteve presente.
O presente é uma dádiva.
Aproveite-o...

Por mais que planejemos o futuro, tudo mudará e, muitas vezes, não teremos o menor controle sobre isso.
Por mais que o passado tenha sido bom, ficou para trás... Não adianta perder tempo tentando buscá-lo de novo.

O presente é o que nos resta.
Se está sol, saia e curta uma boa caminhada.
Se chove, saia e sinta a água preencher sua pele.

Carpe Diem.
Aproveite o dia.
Afinal, nunca seberemos quando a vida irá acabar..
Ou quando alguém se vai...

Beije,
Abrace,
Ria,
Chore,
Ame,
Dance,
Pule,
Grite,
Sonhe,
Planeje,
Viva!

Dê voltas até ficar tonto e ria de si mesmo.
Coma pão com açúcar e manteiga.
Um banho bem quente também será bem vindo.
Mande um email para um amigo distante e fale de saudade.
Passe um trote por telefone, mas não para os serviços de emergência.
Leia um bom livro. O capítulo XXI do "Pequeno Príncipe" é muito bom.
Durma um pouco mas não muito.
Chupe um limão e tente não fazer cara feia.
Coloque o pé atrás da nuca. Consegue? Eu não... Mas sempre tento.
Brinque de pique com seu cachorro.
Se apaixone pelas pessoas erradas.
Tenha muito amor pelas certas.
Nunca deixe de dizer Eu te Amo quando sentir vontade...

Carpe Diem.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Nostalgia

Já não acredito mais que o amor seja algo eterno. Sim. Ele se vai...

Se vai em meio às brigas.
Se vai quando silenciamos e abrimos mão de lutar.
Se vai na correria do dia-a-dia.
Se vai com a falta de compreensão...

Se vai...

E fica apenas a saudade...
Saudade do que deveria ter sido...
Saudade de tudo que não volta mais...
Apenas saudade...

E a gente se fecha.
Se revolta.
Fica triste.
E desiste...

E quando desiste percebe que o amor não se foi de vez.
Ainda está por ali...
Escondido...
No gosto de um beijo...
Na lembrança de um dia...
Na cena de um filme...
Na letra de uma música...

E quando tudo parecer perdido, um fato, um ato...

Saudade...

sábado, 26 de abril de 2008

Castelo

Não foi nada fácil reconstruir meu castelo...
Precisei deixar o outro totalmente para trás...
Não aproveitei telhas e nem tijolos...
Peguei tudo novo...
Lutei quando as paredes ameaçaram rachar...
Trabalhei dia e noite...

Primeiro fiz a entrada...
Linda...
Exuberante...
Imponente...

Construi a sala...
A cozinha...
Alguns banheiros...
E muitos quartos para receber meus amigos...

Ainda falta muito para fazer...
Quartos escuros para clarear...
Jardins para serem cuidados...

Mas não estou só...

Quando refiz a entrada trouxe minha rainha...
E meu pequeno príncipe...
Ainda há um príncipe em um reino distante para vir sempre que quiser...
Quem sabe apareça uma princesa?

E tudo estará no lugar neste novo castelo...
E os amigos serão bem vindos...
E a paz, finalmente, reinará...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Princípios

Princípios são norteadores de toda e qualquer atividade humana.
Existem princípios técnicos, científicos, doutrinários enfim os mais diversos. No entanto, gostaria de falar sobre os morais.

Os princípios morais e éticos (se de Platão a Miguel Reale se discute qual a diferença entre moral e ética, quem sou eu para ingressar nesta seara?) são os pilares do caráter de cada um de nós. Desde pequenos analisamos o mundo a nossa volta e criamos conceitos e preconceitos que nos acompanharão por toda vida.

Princípios...
Einstein disse algo parecido com ser mais fácil dividir um átomo a quebrar um preconceito. Talvez a mesma regra valha para os princípios (haja vista que já inserimos o preconceito como formador do que chamamos de princípios).
Einstein foi um visionário, esteve muito além de seu tempo. Suas teorias até hoje instigam os maiores cientistas.

O homem dominou a técnica de divisão atômica e a transformou em algo ruim. Einstein vivenciou isso... (pequeno comentário sobre a estupidez humana na sua eterna capacidade de transformar descoberta em armamento bélico)

Evoluímos desde então a um patamar tecnológico muito além dos milhares de anos anteriores da história humana. Mas e os preconceitos/princípios.
Parece-me que neste ponto regredimos... Hoje as pessoas se afastaram na mesma medida em que as cidades se tornaram maiores. O trabalho ficou em primeiro plano e os relacionamentos em segundo.

É preciso rever valores, olhar os que estão a nossa volta. Precisaremos modificar princípios? Com certeza. A capacidade de se adaptar é que nos diferencia dos outros animais.
Então, neste texto sério, proponho que olhemos para os lados, tentemos fazer com que as pessoas ao nosso redor fiquem bem e elas farão o mesmo com aquelas que estão em seu ciclo de amizade, e assim se fará uma onda gigantesca capaz de modificar o mundo. Não destruindo... Mas construindo um local onde não veremos mais índios sendo queimados por serem confundidos com mendigos; domésticas surradas por serem confundidas com prostitutas; pessoas passando fome enquanto toneladas de comida são desperdiçadas; jovens, que deveriam estar brincando, matando...

O caminho é complicado, eu sei... Jesus, Gandhi e Luther King pagaram com a própria vida... Será preciso muita paciência. Feridas serão abertas de novo e teremos que estar dipostos a curá-las de vez sem apenas tapá-las enquanto apodrecem...
Um pouco de compreensão aqui, uma palavra de paz ali... Coloque amor... As pessoas te ouvirão...

Sonhos de um pobre blogueiro? Talvez... Mas e se Einstein tivesse se calado em seus devaneios?
E ficar calado diante de uma injustiça nunca foi meu forte...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Menina levada

Brinca menina...

Brinca de ser adulta e não esqueça que foi moleca.
Ande de salto alto e lembre-se que já pulou amarelinha.
Coloque uma saia bem curta como se fosse um bambolê.
Toque o coração de um homem brincando de pique.
Seja firme em suas decisões fazendo beicinho.

Menina levada...
Deixe que o vento te arraste.
E seja levada pelo tempo.

Ainda assim... Jamais esqueça o seu sorriso de menina sapeca.
Contagiando o mundo a sua volta...

Menina levada.
Levada menina.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Esquecer...

Há alguns anos eu li a seguinte frase (infelizmente não sei de quem é a autoria):
"Te amo e agora você tem duas opções: ou aprende a me amar ou me ensina a te esquecer."

Ela é, até certo ponto, infantil. No entanto, às vezes me pego refletindo sobre o seu conteúdo mais profundamente.

Por que as pessoas costumam, de maneira geral, aceitar a segunda opção? Não me venham dizer que não...

Esquecer sempre parece a forma mais viável. Ficar quieto. Se calar. Quando o contrário é que deveria acontecer... Sacudir... Gritar...
Quantas pessoas ao longo de nossa vida vão nos dizer: "Eu te Amo"? E desprezamos isso? Esquecemos?

E como se faz para esquecer?
Esquecer aquele abraço...
Aquele beijo...
Aquele olhar...
Aquele dia...
Aquele momento...
Aquela música...
Aquela poesia...
Aquele filme...
...

Aprender a amar não é mais fácil? E se já se ama? Mais fácil ainda...

Pois é... Mas todos parecemos gostar de sofrer...
A felicidade nos sorri todos os dias e passamos por ela de cabeça baixa... Com pressa de viver... É até engraçado...

As pessoas cotumam dizer hoje: "A fila andou"...
Há frase mais idiota que essa?
Se andou o azar foi seu que permaneceu nela ou servindo de caixa... Devia ter saído quando teve a chance...

Eu escolho amar então, afinal sou péssimo para esquecer...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Coração

- Que fila é esta?
- É a fila do coração...
- Por que estou nela?
- Porque você foi um dos escolhidos a receber um dos maiores dons Divinos.
- Hum...
- Você vai ver todas as coisas com olhos de bondade. Sempre verá os fatos sobre um prisma diferente, o amor.
- Isso não fará de mim um fraco?
- Não, muito pelo contrário, será o mais forte entre os seus. Aprenderá a pedir perdão e irá chorar com a dor alheia. Se emocionará com a miséria humana. Sorrirá com a alegria dos outros... É preciso muita força para agir assim...
- Irei sofrer?
- Sim... Muito... Porque seu coração irá confiar em todos sem distinção... E irá errar... Te enganarão... Você cairá...
- Os fortes não caem...
- Todos caem... A diferença é que você se erguerá a cada queda mais forte.
- Terei ódio então?
- Não... Levantará com mais bondade e amor...
- Como pode acontecer isso?
- Será seu dom... O ódio nascerá em seu coração mas as lembranças boas sempre o extinguirão em pouco tempo...
- Tenho medo de não conseguir...
- Não tema. Haverá muitos amigos a sua volta.
- Qual será minha missão?
- Levar amparo aos desesperados, horizonte aos sem esperança, motivação aos que fraquejam e luz aos que estão nas trevas.
- Tenho outra opção?
- Sempre há outras opções...
- O que me sugere?
- Que permaneça nesta fila...
- E se eu falhar?
- Ao menos terá tentado...
- Hum...
Silêncio.
- Você estará comigo?
- Sim e não... Estarei nos momentos mais difíceis olhando por ti, mas não ao seu lado. Velarei seus dias daqui...
- Onde vou nascer?
- Onde mais precisarem de amor...

Frio

Hoje o tempo esfriou bastante e isto não é uma metáfora.
Realmente está frio.
Frio fora (agora começamos a "metaforizar") mas aqui dentro do meu peito o calor se faz presente.
A chama, antes quase apagada, se acendeu de novo e queima forte.

Chama de paixão...

É incrível mas meu coração voltou a disparar quando te vejo... É sério...
Parece como aquele dia 28 em que eu descia do ônibus e te via ali parada a me esperar...

Talvez ele tenha medo de te perder de novo e por isso me faça relembrar o quanto você significa para mim...

Ainda me admiro com o seu olhar...
Forte, firme e decidido...
Isso para os outros...
Para mim sempre foi um olhar suplicando carinho, abraço...

Um dia frio.
Lá fora...
Aqui dentro os dias sempre foram quentes como uma gostosa tarde de verão... Desde aquele dia... Em que te vi, maravilhosa, naquela rodoviária...

sábado, 12 de abril de 2008

Alegria

Alegria é te olhar, depois de duas semanas de desespero longe de ti...
Alegria é te sentir de novo aqui, após ter te perdido...
Alegria é perceber que seus olhos verdes são tão raros e belos quanto duas esmeraldas...
Alegria é reencontrar a paz no seu abraço...
Alegria é provar de novo o mel doce dos seus lábios...
Alegria é reinventar o nosso amor a cada dia...
Alegria é pegar meu celular e ver a caixa de mensagens cheia de seu nome...
Alegria é contar uma piada qualquer só para ganhar um sorriso seu...

Alegria é acordar pensando em ti e te dar bom dia...
Alegria é dormir pensando em ti e te desejar boa noite...
Alegria é ter você como finalidade em tudo que eu faço...
Alegria é pegar sua mão e sair andando pela rua...

Alegria...

Alegria é saber que tinha tudo para dar errado... Mas deu certo...

Você me disse que prefere textos alegres e não há alegria maior que escrever para ti... E foi desta forma que há 3 anos te conquistei... E é assim que vou te conquistar a cada dia, até envelhecermos...

Eu te amo sem metáforas... É o amor puro, imperioso e exclusivo... O amor que nos faz tentar uma vez mais... O amor que nos faz mais fortes... O belo e simples amor...

Deus

Oi.
É eu sei... O Senhor também sabe...
Não estou nem perto de ser um servo digno... Não Te procurava há muito...
Mas ontem... Ontem clamei por Ti...
Sinceramente não sei o que me deu naquele momento... Aquela jovem de 28 anos ali deitada... Sua vida se esvaindo... Chamei por Ti... Onde estavas?
Eu não a conhecia, mas vi um marido desesperado... Imaginei que poderia existir algum filho ou filha esperando por ela... Meu corpo estava ali mas elevei minha alma a Ti... Por que ela tinha que ir? Por quê?

Vi homens lutando para ressucitá-la... Pedi por Sua presença... Só que o Anjo da Morte já estava por ali...

Passei o resto da noite me perguntando... Quando chegará a minha vez?

Sou um mero mortal tentando entender os Seus desígnios...

Só Te peço que, quando meu dia chegar, conforte os corações dos que me amam...