Ela estava decidida. Não iria trabalhar em janeiro. Não. Precisava ficar só para voltar a se conhecer. Merecia isso depois de tanta falta de tempo para si. Colocaria sua mochila nas costas e sairia pela vida. Amigos não lhe faltavam. Talvez virasse hippie (só manteria os velhos rituais de depilação). O que importava era ir. A máquina de bronzeamento artificial já lhe deixara pronta para seguir ao litoral, apesar da claustrofobia que sentira dentro daquele aparelho.
Pegou a mochila então e abriu seu roupeiro. Uma a uma as peças foram se acomodando nos espaços vazios que foram se preenchendo de roupas e sonhos. Pronto. Tudo posto. Olhou para o armário e viu seu vestido cinza. Sorriu. Pegou-o e o abraçou. Os olhos lacrimejaram. Com ele ficava maravilhosamente bela. Necessitava levá-lo, ainda que não o vestisse permaneceria ali para lembrá-la o quanto era especial.
Colocou tudo nas costas, que lhe pareceram mais leves que sem a bolsa. Um último pensamento e foi-se... Sem olhar para trás... Na certeza de que Felicidade só rima com felicidade...