segunda-feira, 20 de abril de 2009

E por fim...

E por fim, em meio a passos intrépidos andarilhou pelo precipício da dor uma última vez, gritou com voz rouca e cansada para o vazio que teimava em não ouvi-lo. E se encheu de si mesmo, suava frio e seu coração ameaçava parar.
E por fim permaneceu ali na esperança insensata de uma última vez ter a chance de recomeçar, não do ponto onde parou mas de forma nova redigir outra peça para o teatro da vida que o sufocava.
E por fim lastimou ter tentado em vão, noites mal dormidas pensando, e apenas pensando, planos infalíveis que sempre teimavam em falhar no dia seguinte, maneiras de chamar a atenção de alguém que há muito olhava para o lado oposto ao seu.
E por fim praguejou o destino, insistente em dizer-lhe por infinitas coincidências que o fim da história não estava lá atrás, xingou um presente ausente e pigarreou.
E por fim, parou de vasculhar aqui e ali recados escondidos ou mensagens dissimuladas, não, elas nunca mais apareceriam.
E por fim se foi, chorando, sofrendo, mas se foi...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

!

"Eu sentiria sua falta mesmo que nunca a tivesse conhecido."

Ouvi a frase acima em um filme que comecei a ver sem qualquer pretensão de divertimento.
Nem sempre tudo que esperamos acontece... Mais ainda... Às vezes, coisas tão despretensiosas se mostram surpreendentemente eternas e significativas... Como o conteúdo de uma frase qualquer em um filme à tarde...

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Cansaço...

O amor é uma grande caminhada, sem objetivos, sem nexos de causalidade, sem diretivas ou paradigmas, ao menos as mais complexas, apenas um andar por entre paisagens, tantas vezes magnificamente belas e por outras melancolicamente escuras.

O amor é a falta de reticências, é a finalidade não almejada mas conquistada e abandonada, é um eterno ir e vir, é girassol em dia de chuva, é arco-íris acima das nuvens, é lua cheia em madrugada fria, é o chegar e o ir embora, sem motivo aparente e na verdade com toda motivação possível. É o choro contido, o desespero reprimido.

A gente se cansa e olha ao longe o que há, ainda, por caminhar. Desanima. Sinto falta dos três pontinhos a me ajudarem em pensamentos soltos. Só que hoje não é o dia deles. Não. É dia de idéias presas, de reflexões intensas que não levam a lugar nenhum, pelo simples fato de o amor ser persistente. Cem vezes se decepcionará e outras mil tornará a se levantar.

Afinal, quem pode questionar o amor? Quem pode passar pela vida sem caminhar? Quem pode?

Nos cansamos, é inevitável. Sentamos e baixamos a cabeça. E a vida vai passando sem que o caminho se desfaça. Daí nos damos conta que já o percorremos por muito tempo, não existe forma de voltar. Resignados seguimos em frente. E vale à pena ir assim? Desesperançados? Não. Então paramos e nos detemos ao menor sinal de beleza lúcida às margens da via. E reavivamos a chama. Os músculos se enchem de energia mais uma vez e no coração uma certeza se faz presente.

É preciso amar. Ainda que seja muito tarde, ainda que a felicidade se torne intermitente, ainda que o caminho esteja nublado, ainda que os versos permaneçam curtos, ainda que tudo indique o contrário.

Por enquanto, é isso.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Sobre a solidão

Não sei se é o fato de ser filho único mas sempre gostei de ficar um tempo sozinho com meus pensamentos... Dizem que "cabeça vazia é oficina do diabo", só que comigo a solidão se fez companheira desde muito cedo, quer fossem nas brincadeiras solitárias, quer fossem nas horas em frente da TV... E isso a transformou em uma amiga necessária... Sempre estou de portas abertas para ela...
É difícil controlar os pensamentos quando estou totalmente só... Penso... Penso e penso... No passado, no presente e no futuro... Faço planos que se desfazem em seguida, lembro erros que apertam o coração, imagino mil e uma formas de mudar o mundo...
Eu gosto mesmo é de lembrar... E há coisas tão boas de serem lembradas e revividas ainda que só ali, naquele cantinho solitário do coração... Lembro da minha infância, dos valores que recebi e absorvi, de quando os confrontei em algum momento de minha vida, lembro de momentos que tempo algum há de apagar...

Vem solidão fica um pouquinho... Sempre espero por ti...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Justiça!

Justiça!
Rasga a venda que cega teus olhos... Olha a tua volta o resultado que anos de imparcialidade fizeram... Guarda tua espada e quebra os pratos da balança para dar de comer ao povo... Faminto... Faminto física, mental e espiritualmente... Estende teus braços e protege quem mais precisa... Coloca-os atrás de ti e que teu corpo seja muro intransponível aos males que perseguem teus cidadãos...

Justiça!
Tira as armas das mãos dessas crianças e jovens que deveriam brincar e estudar... Limpa as lágrimas dos pais que não podem alimentar os próprios filhos e mostra um futuro menos doloroso... Salva nossa fauna e flora da ganância dos inescrupulosos...

Justiça!
Prepara-te para a guerra que irá se seguir... Muitos erguerão vossos poderosos exércitos contra ti... Desembainha tua espada... Não para coagir os oprimidos a permanecerem inertes como ovelhas a esperar a hora do abate, mas para cumprir tua função essencial de defender quem mais clama por ti...

Justiça!
Quando caíres, cansada e machucada, durante o combate, verás que um filho teu não fugirá à luta e nem temerá, quem te adorará, a própria morte... Muitos pularão a tua frente para defender-te, com a própria vida se preciso for...

Justiça!
Nunca desanime e não descanse até o último de teus inimigos cair por terra... Só então ensinarás a teus cidadão viver em paz... Venda teus olhos... Arruma tua balança... E mantenha a espada... Mas fica atenta para não cometer o erro de assistir, impassível, qualquer faísca de injustiça...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Já é abril...

Já é abril...
O ano começou sem que o outro terminasse... Aliás, o outro ano também se iniciou sem o antecessor findar... E assim os dias se passaram...
Janeiro com sua alegria, fevereiro com a festa e março com suas águas... Salgadas como o gosto de uma lágrima... E foram várias...
Já é abril...
Fica a sensação de algo faltando... O desejo escondido e repetitivo do querer além... A felicidade ausente e presente... Vontade de gritar até ficar rouco...
Já é abril...
As folhas começaram a cair, o inverno está ali mais perto... O verão se fora sem deixar muita saudade, apenas o alento de que voltará no próximo ano...
Já é abril...
E o que me anima é que setembro chegará em breve... Porque o ano um dia há de recomeçar...