O amor é uma grande caminhada, sem objetivos, sem nexos de causalidade, sem diretivas ou paradigmas, ao menos as mais complexas, apenas um andar por entre paisagens, tantas vezes magnificamente belas e por outras melancolicamente escuras.
O amor é a falta de reticências, é a finalidade não almejada mas conquistada e abandonada, é um eterno ir e vir, é girassol em dia de chuva, é arco-íris acima das nuvens, é lua cheia em madrugada fria, é o chegar e o ir embora, sem motivo aparente e na verdade com toda motivação possível. É o choro contido, o desespero reprimido.
A gente se cansa e olha ao longe o que há, ainda, por caminhar. Desanima. Sinto falta dos três pontinhos a me ajudarem em pensamentos soltos. Só que hoje não é o dia deles. Não. É dia de idéias presas, de reflexões intensas que não levam a lugar nenhum, pelo simples fato de o amor ser persistente. Cem vezes se decepcionará e outras mil tornará a se levantar.
Afinal, quem pode questionar o amor? Quem pode passar pela vida sem caminhar? Quem pode?
Nos cansamos, é inevitável. Sentamos e baixamos a cabeça. E a vida vai passando sem que o caminho se desfaça. Daí nos damos conta que já o percorremos por muito tempo, não existe forma de voltar. Resignados seguimos em frente. E vale à pena ir assim? Desesperançados? Não. Então paramos e nos detemos ao menor sinal de beleza lúcida às margens da via. E reavivamos a chama. Os músculos se enchem de energia mais uma vez e no coração uma certeza se faz presente.
É preciso amar. Ainda que seja muito tarde, ainda que a felicidade se torne intermitente, ainda que o caminho esteja nublado, ainda que os versos permaneçam curtos, ainda que tudo indique o contrário.
Por enquanto, é isso.