domingo, 29 de junho de 2014

O que muda?

O que muda se a Seleção Brasileira perde?

É comum ouvirmos por aqui e por aí que nada muda em nossas vidas com os jogos da seleção... Com respeito às opiniões contrárias, permitam-se discordar...

Muda... E muda muito...

Muda nosso espírito, nossa vontade, nossa alma... Mas acima de tudo, muda nossa esperança...

Esperança de que um dia nossa educação, segurança, saúde, enfim, nosso país seja tão bom quanto aquele que está em campo... Porque é aquele o país que todos nós merecemos...

O país que mistura ricos e pobres, o país de todas as cores (negros, brancos, vermelhos e amarelos), o país que sua, trabalha e consegue ser maior do que todos os outros do mundo inteiro...

Por um dia, por 90 minutos, podemos esquecer nossos problemas para lembrar que nesta terra em se plantando tudo dá... Afinal, aquele garotinho cercado de violência, sem nenhuma perspectiva de um mundo melhor, pode ter um futuro brincando de ser jogador... E o menino rico, pode encontrar esse garotinho pobre e abraçá-lo, sem medo, em uma pelada de chão batido qualquer... 

E assim o país se transforma...

Na alegria do gol, na felicidade de uma vitória, na esperança de que um dia teremos políticos tão bons quanto nossos jogadores de futebol...

Isso muda nossa vida!!!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Tia Silvia

Um texto para você só poderia acontecer em um dia como este...
No primeiro concurso público que passei foi você quem veio correndo me contar... Gritando de alegria...
Quando consegui meu primeiro emprego foi a você quem fui procurar...

Em todas as minhas conquistas trago você comigo... Minha Tia Silvia... O que seria de nossas vidas sem sua presença, seu abraço, seu amor?
De todos os abraços que sinto falta hoje, é o seu que mais queria... Esse abraço puro de amor incondicional... Essa alegria verdadeiramente gigante por nossas conquistas... É até difícil escrever...

Zilda Arns, antes da trágica morte, ia fazer um discurso no qual mencionava que deveríamos aprender com os pássaros e colocar nossas crianças no alto das árvores para que nenhum mal pudesse alcançá-las... Mas ela não te conhecia Tia Silvia... Se tivesse conhecido mudaria o discurso para dizer que deveríamos colocar nossas crianças ao seu redor... Não há lugar mais seguro no mundo inteiro...

Você acreditou em mim quando nem eu acreditava... Sempre soube das nossas dificuldades, das tristezas de infância que carrego no coração... Mas nunca duvidou que um dia eu chegaria longe...

"Deixem o menino, ele sabe o que faz"... É essa frase que escuto quando me pego nas encruzilhadas da vida... E fecho os olhos e lembro de você correndo ao meu encontro para me proteger nos seus braços...

Ainda há muitos obstáculos intransponíveis, ao menos aparentemente, no horizonte... Não os temo... Porque quando tropeço e caio é nas suas mãos que me socorro... Nas suas palavras que me guio... No seu amor que sigo em frente...

Um beijo Tia Silvia. A saudade é imensa...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Prô Angelita

Prô Angelita...
Há pessoas que passam por nossas vidas e nem temos a chance de dizer o quanto são ou foram importantes... Por vezes nem precisamos dizer... Não me lembro nem uma única vez de a olhar sem que em seu rosto estivesse estampado um sorriso sem fim... Na nossa sala existe um porta retratos, desses que as fotos vão passando, e lá está uma sua com o pequeno Victor nos braços a nos lembrar do quanto essa professora significa para nós...
Seu sorriso...
Desses que enchem nossos corações de felicidade só em perceber sua docilidade infantil em meio a uns olhos grandes, brilhantes e de uma meiguisse sem igual... Nossa família o levará para sempre pois parte deste sorriso o nosso Victor aprendeu... E aprendeu sim com sua primeira professora... A qual o ensinou a lição mais importante de toda sua vida: sorria e ame sempre...
Neste dia nossos corações choram... Eu e a Cris sofremos com essa dor inimaginável que toma seu coração...
Dor...
Que chegou e arrombou seu coração, sem a menor cerimônia e sem pedir permissão... Que só o grande Criador pode explicar o porquê de sua existência... Por quê? Quem somos nós para entender a vontade Dele...
Mas hoje aceitamos a dor... Não há como evitá-la... O que rogo a Deus é que ela não faça morada em seu coração... Que o tempo a faça ir embora, ainda que seja impossível deixar de revê-la de vez em quando, e que seu sorriso volte a estampar seu rosto... As crianças precisam dele... Pois sorrisos como o seu são raros e fazem falta a um mundo com valores tão distorcidos...
Prô Angelita... O que podemos lhe dizer em um dia como esse? Só nos resta chorar contigo... Quando o pranto passar, ou ao menos diminuir, lembre-se de todas as crianças que levam consigo a candura do seu amor... Amor... É ele que nos faz seguir em frente e tenha a certeza de que todos nós pais e filhos a amamos por ser uma Professora de fato... Dessas que passam por nossas vidas e nos marcam para sempre...

domingo, 22 de abril de 2012

Professora Aninha...

Há muito tempo existia uma professora de nome Ana Maria... Professora Aninha, como todos a chamavam... Em sua turma, geralmente, estavam os alunos mais problemáticos... Um deles se destacava... E não de uma maneira boa... Era arteiro, inquieto, brigão, temido pelos coleguinhas...
Para a professora Aninha era uma criança necessitando de carinho e atenção... E era isso que aquele menino recebia dela... A mais pura dedicação... O mais leal afeto... Durante a noite ela rezava por ele... Pedia a Deus que o protegesse e o guiasse para o caminho do bem, uma vez que seus irmãos estavam presos, seu pai batia em sua mãe e esta descontava naquela pobre alma infantil...
Os ensinamentos e a ajuda Divina pareciam surtir efeito... Seu aluno a cada dia parecia estar mais meigo e doce... Até fez um desenho da professora com rabiscos em baixo que, com algum esforço, lembravam a palavra amor...
Certo dia a professora Aninha estava na sala dos professores quando ouviu gritos no pátio onde as crianças brincavam... Correu e viu seu aluno levado brigando com outro... A disputa era feia... De repente o menino atormentado pegou um pedaço de madeira que estava no chão, o levantou ao alto e desceu com o intuito de acertar um golpe mortal em seu oponente caído...
- Pare! - gritou a professora segurando seu braço - Não foi isso que te ensinei... - sua voz rouca, embargada pela tristeza, ecoou por toda escola.
Antes que ela pudesse abraçá-lo, ele fugiu, com vergonha da professora que tanto amava, em disparada pelo portão da escola...
Durante vários dias ela o esperou... Aquele menino nunca mais voltou à escola... O procurou em casa mas ele havia sumido... A professora chorou e rezou durante meses... Até que ficou sabendo da morte de seu aluno... E chorou ainda mais... E rezou também...
Os anos passaram e a professora Aninha parou de lecionar... Havia se aposentado, descanso merecido após anos de dedicação apaixonada e entrega aos seus alunos...
Seu país passava por momentos difíceis... Um ditador havia tomado o poder e a guerra tomara o lugar da paz... Nas ruas crianças desfilavam com armas... A violência era diária... A professora sofria... Dedicara anos e anos às crianças e via seu trabalho sem efeito... Com os olhos mareados foi até um velho quarto e pegou um pequeno quadro-negro... Juntou alguns tocos de giz e foi para a rua... Em meio a tiros fixou sua lousa e começou a ensinar... Não importava quem ouvia... Ela apenas repetia as lições que um dia preencheram suas aulas... Logo algumas crianças, que jamais tinham visto uma professora, pararam curiosas... A professora Aninha os olhava com candura e logo os poucos se tornaram muitos... Crianças, adolescente, jovens e adultos viam naquela senhora a chance de um futuro melhor... E as armas foram sendo abandonadas por livros, cadernos e lápis...
Aquilo começou a incomodar... Tanto que um grupo de soldados apareceu e levou a professora... E bateram nela... Mas no dia seguinte em uma atitude Gandhiana lá estava a mestra a ensinar... E de novo foi agredida... E de novo... E de novo...
O ditador, sabendo da situação solicitou que a levassem até seu palácio... Arrastaram-na então... Não sem antes a esbofetearem violentamente...
Carregada por dois soldados e quase sem forças para andar ela mal conseguia erguer sua cabeça...
- Quem é você? Uma louca?- gritou o ditador.
Silêncio...
- Vamos, olhe para mim! - insistiu gritando.
Um dos soldados a chutou na barriga com tanta violência que seu corpo caiu inerte próximo às pernas do ditador...
- Seu desgraçado!!!! Por acaso ordenei que fizesse isso???- gritou o ditador puxando sua pistola e apontando para o infeliz militar.
- Pare! Não foi isso que te ensinei... - disse quase sem voz a professora ao mesmo tempo em que tocava a perna de seu ex-aluno...
- Professora! - abaixou-se abraçando-a...
- Amor... - ela balbuciou enquanto o entregava um pedaço de papel que estava velho, amarelo e, agora, sujo de sangue...
Guardou por anos aquele desenho enquanto alimentava a esperança de um dia rever seu aluno especial...
O ditador chorou... Ela libertara uma criança assustada há muito escondida naquele coração...
- Me perdoe! - pedia ele aos prantos.
- Não! Me perdoe você... Devia ter me dedicado mais...
E aquela velha professora pode, enfim, aposentar sua voz, seu quadro e os tocos de giz...
À minha mãe Ana Maria que dedicou, e ainda dedica, sua vida a livrar-nos de malfeitores... Que educou as crianças para que não precisássemos punir os adultos... Feliz aniversário mãe! Te amo!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Discurso Orador da Turma de Direito UNIDAVI 2010

Em nome da turma de formandos 2010/2 do curso de Direito da UNIDAVI saúdo o Magnífico reitor Viegand Eger bem como as demais autoridades aqui presentes. Agradeço ainda nosso patrono Estevão Ruchinski Filho, paraninfo Paulo Cesar Voltolini e amigo de turma Edison Zimmer, bem como a todos os professores que tornaram possível esta graduação. Ainda, um agradecimento especial a todo o corpo de funcionários da UNIDAVI.
Bom, enfim nos formamos... E cada um traz em sua história pessoal as dificuldades que encontrou para chegar até aqui... Durante este período de faculdade lidamos com felicidades e tristezas, vitórias e derrotas... E o que seríamos não fossem os amigos ao lado a brindar nossas vitórias e erguer-nos em nossas derrotas?
E quantos amigos fizemos nesta sala tão grande não é mesmo? Das conversas nos intervalos (e para alguns até durante as aulas...), às festas e chegando à socialização do conhecimento durante as provas (não era cola) nós nos aproveitamos mutuamente... Tudo bem que alguns se aproveitaram mais uns com os outros... Teve até gente dividindo namorado... É... A amizade era muito grande... Falando nisso... Alguém tem uma furadeira aí? Pode ser broca tamanho 10 não tem importância... Tenho que consertar um peugeot 307 que caiu na água... Tem coisas que é melhor esquecer...
O fato é que hoje, sem sombra de dúvidas, somos mais do que fomos quando pisamos pela primeira vez o piso da UNIDAVI... E este é o motivo da festa... Comemoremos, com todos os exageros que julgarmos pertinentes, a nossa formatura nesta festa merecida onde hoje dizemos aos nossos familiares e amigos que nos tornamos bacharéis em Direito... Mas, parafraseando Nelson Mandela, após termos escalado esta montanha a que nos dispomos, devemos olhar no horizonte e perceber o quanto, neste país, outros tantos montes há por escalarmos... Advogados, juízes, promotores, policiais, auditores, enfim... Meus amigos, qualquer caminho que tomemos nos levará a pessoas necessitando do nosso auxílio... Esperando que levemos justiça para, por vezes, apaziguar tormentas que afligem suas almas...
Certa vez ouvi de um advogado que não existe margem para paixão dentro do processo... Pois hoje digo a vocês formandos, sem medo de errar, que não há forma de se fazer justiça se não deixarmos o racionalismo retrógrado de um positivismo arcaico de lado e lutarmos pelos nossos pares com a mais profunda paixão... Um país justo não se faz com legalistas como fora a Alemanha nazista, mas sim de apaixonados desobedientes como a Índia de Gandhi... Realizemos o fim para o qual estudamos por tanto tempo, qual seja a pacificação de uma sociedade tantas vezes inflamada por pessoas desorientadas que usam o Direito para simples enriquecimento pessoal...
Mas deixem-me parar de filosofar porque já tem umas amigas me olhando meio torto... Que nada, vou filosofar mais, quem mandou me escolherem para orador... Agora vou falar sobre o sujeito transcendental de Kant e a sua correlação com a desobediência civil de Thoureau... Melhor não né?
Falando sério, há um texto de Vinícius de Moraes que fala sobre um operário tentado por seu patrão a trair seus pares... O final do texto “Operário em Construção” é assim:
“[...] Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
— Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro de seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
— Loucura! — Gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
— Mentira! — disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Como o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.”

Meus amigos... Não se iludam com o dinheiro fácil... Não se corrompam... Sejamos operários em construção a entender que somos um todo... Que só quando compreendermos isso teremos uma sociedade onde crianças crescerão brincando sem sofrerem abusos de toda a natureza... Onde os homens jamais levantarão a mão em direção a uma mulher a não ser que seja para acariciar seu rosto... Onde a natureza será respeitada e os animais tratados como obras do Criador... Onde a riqueza deste país chamado Brasil estará no seu povo... E não duvidem que cada um de nós possui este poder de mudar o mundo... Abasteçam-se da coragem que tínhamos em nossa infância quando vestíamos as roupas de nossos heróis e enfrentávamos os piores vilões... Bebam das águas de Gandhi, Mandela e Luther King e façam do Direito uma barreira intransponível para a injustiça...
Porque, meu amigos, conforme disse Madre Tereza de Calcutá: “[...] Dê ao mundo o melhor de você,
Mas isso pode nunca ser o bastante...
Dê o melhor assim mesmo.
E veja você que, no final das contas,
É entre você e Deus...
Nunca foi entre você e os outros...”
Que daqui a dez anos nos reencontremos e cada um traga em seu coração a certeza de que tornou o mundo um lugar melhor para viver...
PARABÉNS FORMANDOS DE DIREITO DE 2010!!!!

Rodrigo Silva Pereira

sexta-feira, 2 de julho de 2010

E agora pai?

Meu filho de 3 anos me pergunta:
- O Brasil perdeu... E agora pai?

Fitei seus olhos e não consegui responder... O nó na garganta foi muito grande... Apenas o abracei... Vou responder aqui então...

Agora meu filho, o pai vai limpar essas lágrimas... Vai vestir você com a camisa do seu time preferido, vai mostrar a bandeira do Brasil e vamos para um campinho... Com grama, de chão batido... Com bola de couro ou de meia... E ali vou mostrar que nem em Esparta houve tamanha eficiência para criar um poderoso exército...
De norte a sul deste Brasil, nos centros urbanos ou mais longinquos rincões... As crianças são treinadas desde os primeiros passos para se tornarem os mais formosos guerreiros que este mundo já viu ou ainda há de presenciar...
Se hoje choro, meu filho, é porque também fui doutrinado a ser um apaixonado pelo nosso futebol... E choro sim... Com a mais profunda tristeza... Mas não abaixo minha cabeça... Pois há 5 estrelas em minha camisa amarela a me lembrarem qual é o time mais temido neste planeta...

E assim sempre será...

domingo, 29 de novembro de 2009

Graça

Maria das Graças...
Graça...
Tia Gracinha...

Haveria forma mais correta de chamá-la? Graça...

Minha Tia Gracinha é dessas pessoas que enchem o mundo de alegria... Ela é única... Suas roupas coloridas... Seu otimismo... Seu altruísmo... Um jeito de ser que contagia o mais gelado dos corações...

Se há algo que me faz feliz é fechar os olhos e lembrar de suas gargalhadas...
O doce som de sua voz, ecoado de um tempo passado, me dizendo "digo digo" faz lágrimas escorrerem de meus olhos... Não é nada... Só uma saudade sem fim da minha amada madrinha... A quem devo boa parte do que me tornei hoje...

Tenho tantas lembranças... Sempre me pego rindo quando encho meu prato de farinha, afinal por inúmeras vezes esperei você chegar da praia para me sentar ao seu lado na mesa e vê-la comer aquele monte de farinha... Parece coisa pequena... Mas não é... O amor está nos detalhes dessa caminhada que chamamos vida...

E há palavra mais correta para dizer o que sinto quando penso na minha madrinha? Amor...

Já falei uma vez e repito aqui: seria preciso viver umas dez vezes para poder pagar tudo o que fez por mim... Dizer que te admiro é pouco...

Queria poder te abraçar nesse dia... Infelizmente não estou aí com todos para dizer o quanto és especial... Dedico este singelo texto então...

Um beijo grande desse seu sobrinho que nunca a esquece.